Pensamentos de Fernando Pessoa

Matar o sonho é matarmo-nos

Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.

Duvido

Duvido, portanto penso.

Todas as cartas de amor são ridículas

Todas as cartas de amor são ridículas, não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.

Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe porque ama

Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar…

A caixa que não tem tampa Fica sempre destapada Dá-me

A caixa que não tem tampa
Fica sempre destapada
Dá-me um sorriso dos teus
Porque não quero mais nada.

Não existem amores perfeitos

Não existem amores perfeitos, mas amantes acomodados.

Outrora eu era daqui

Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,
Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.
Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui.

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Não sou da altura que me vêem

Não sou da altura que me vêem, mas sim da altura que meus olhos podem ver.

O campo é onde não estamos

O campo é onde não estamos. Ali, só ali, há sombras verdadeiras e verdadeiro arvoredo.

Acontece-me às vezes

Acontece-me às vezes, (…) um cansaço tão terrível da vida que não há sequer hipótese de dominá-lo.

Não importa se a estação do ano muda

Não importa se a estação do ano muda…
Se o século vira, se o milénio é outro.
Se a idade aumenta…
Conserva a vontade de viver,
Não se chega a parte alguma sem ela.

O que me dói não é o que

O que me dói não é o que há no coração, mas essas coisas lindas, que jamais existirão…

Mudem-me os deuses os sonhos

Mudem-me os deuses os sonhos, mas não o dom de sonhar.

O coração se pudesse pensar pararia"

" O coração se pudesse pensar pararia"

A felicidade está fora da felicidade

A felicidade está fora da felicidade.