Pensamentos de Fernando Pessoa

Outrora eu era daqui

Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,
Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.
Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui.

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Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir

Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.

O campo é onde não estamos

O campo é onde não estamos. Ali, só ali, há sombras verdadeiras e verdadeiro arvoredo.

Quando o amor não tem razão É que o amor incomoda

Quando o amor não tem razão
É que o amor incomoda.

Chove

Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim…
De pensada, mal vivida…
Triste de quem é assim!

Saber interpor-se constantemente entre si próprio e as

Saber interpor-se constantemente entre si próprio e as coisas é o mais alto grau de sabedoria e prudência.

Vivo sempre no presente

Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho.

Quero para mim o espírito desta frase

Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Quando te vi amei-te já muito antes Tornei a

Quando te vi amei-te já muito antes
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo

Viver não é necessário

Viver não é necessário. Necessário é criar.

Tudo em nós está em nosso conceito do mundo

Tudo em nós está em nosso conceito do mundo; modificar o nosso conceito do mundo é modificar o mundo para nós, isto é, é modificar o mundo, pois ele nunca será, para nós, senão o que é para nós.

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Todos temos por onde sermos desprezíveis

Todos temos por onde sermos desprezíveis. Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para fazer.

Era uma princesa Que amou

Era uma princesa
Que amou… Já não sei…
Como estou esquecido!
Canta-me ao ouvido
E adormecerei…
Que é feito de tudo?
Que fiz eu de mim?
Deixa-me dormir,
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Para viajar basta existir

Para viajar basta existir.

Outras vezes oiço passar o vento

Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.