Cecilia Meireles Poemas

Canção de Outono

Canção de Outono
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão (…Continue Lendo…)

Permite que eu volte o meu rosto para um

Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

Se desmorono ou se edifico

Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, não sei, não sei. Não sei se fico ou se passo.

Essas e outras mortes ocorridas na família me deram

Essas e outras mortes ocorridas na família me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno. Em toda vida, nunca me esforcei po…

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Se em um instante se nasce e um instante se morre

Se em um instante se nasce e um instante se morre, um instante é o bastante pra vida inteira.

Canção do Amor-Perfeito

Canção do Amor-Perfeito
Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.
Eu vi ban…

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Eu sou essa pessoa a quem o vento chama, a que não se recusa a esse final convite, em máquinas de adeus,sem tentação de volta.

Eu sou essa pessoa a quem o vento chama,
a que não se recusa a esse final convite,
em máquinas de adeus,sem tentação de volta.
Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza:
Eu …

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E como o bom uso das palavras

E como o bom uso das palavras e o bom uso do pensamento são uma coisa só e a mesma coisa, conhecer o sentido de cada uma é conduzir-se entre claridades, é construir mundos tendo como laboratório o Dic…

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Entre mim e mim

Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos.

Cabecinha boa de menino triste, de menino triste que sofre sozinho, que sozinho sofre, — e resiste,

Cabecinha boa de menino triste,
de menino triste que sofre sozinho,
que sozinho sofre, — e resiste,
Cabecinha boa de menino ausente,
que de sofrer tanto se fez pensativo,
…

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Pus o meu sonho num navio e o navio

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Felicidade

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa:
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
Porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo despovoado e profundo, persiste.

DAS MINHAS MÃOS, QUE SÃO TÃO FIRMES

DAS MINHAS MÃOS, QUE SÃO TÃO FIRMES
Das minhas mãos, que são tão firmes,
cai-me o espelho, que era tão claro,
e à meia-noite se divide,
com meus olhos cheios de teatro.
N…

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Na grande noite tristonha

Na grande noite tristonha,
Meu pensamento parado
Tem quietudes de cegonha
Numa beira de telhado.

Epigrama n. 2

Epigrama n. 2
És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram a…

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