E doidamente me apodero dos desvãos de mim

E doidamente me apodero
dos desvãos de mim,
meus desvarios me sufocam
de tanta beleza.
Eu sou antes,
eu sou quase,
eu sou nunca.

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Autor: Clarice Lispector Categoria: Pensamentos de Clarice Lispector

Já fingi ser o que não sou para agradar uns

Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.

Porque, quanto a mim, sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.

Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar.

"Eu sou uma chama acessa! E rebrilho e rebrilho toda essa escuridão."

Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas.

Eu sou mansa mas minha função de viver é feroz.