Todo fim comporta um recomeço

Todo fim comporta um recomeço.
Com um novo começo, uma nova chance de ser feliz, de se descobrir uma nova amizade, de se constituir um novo relacionamento, enfim, de se adquirir uma nova perspectiva.
Ademais, em ultima instância, são os momentos de rara tristeza que acabam por tornar tão especiais os momentos de rara felicidade.
Quais fossem as razões para sentir-se triste, sensato era não se sentir.
O que de ruim pudesse se exprimir dali, o tempo havia de curar.
Entretanto, as boas lembranças, essas sim, são permanentes, afinal, onde quer que possa haver um amante da felicidade, há então espaço para momentos felizes.
Pergunta-me o leitor mais astuto: mas e quanto à saudade? Paradoxalmente uma razão para sentir-se triste alicerçada em momentos felizes.
Respondo-lhe com a mais autêntica sinceridade.
Nunca se constitui de más lembranças.
Confundir a dor que de algo bom resulta com o valor da própria coisa é o equívoco definitivo dos fracos.
Como chamas acesas na imensidão da mais vasta floresta, lá estão às memórias.
Se deixares que apaguem, não mais existem.
Se não são boas, deixas que apaguem.
No entanto, conquanto que as conserve, independentemente de quão dispendioso o seja, lá estarão elas, vívidas, tremulantes, abrasantes, fascinantes, magnificentes… Não sucumbem com o tempo, pois o tempo por si só não tem o condão de extingui-las.
Não padecem com o encargo (saudade), pois é o encargo que as mantém vivas.
Sob essa ótica, aquilo que se instiga jamais pode deixar de ser.
Prelúdio sem epílogo, perpétuo por natureza.