Poesias de Chico Buarque

Foi bonita a festa

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum …

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Quando enfim eu nasci minha mãe embrulhou-me num

Quando enfim eu nasci minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando canti…

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Tentou contra a existência Num humilde barracão Joana de Tal Por causa de um tal João

Tentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de Tal
Por causa de um tal João
Depois de medicada
Retirou-se pro lar
Aí a notícia
Carece de exatidão (…Continue Lendo…)

Venha

…Venha, meu amigo. Deixe esse regaço. Brinque com meu fogo. Venha se queimar. Faça como eu digo. Faça como eu faço. Aja duas vezes antes de pensar… Eu semeio o vento. Na minha cidade. Vou pra rua e be…

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Sou bandida Sou solta na vida E sob medida Pros carinhos

Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos teus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus

Se nós

Se nós, nas travessuras das noites eternas já confundimos tanto as nossas pernas. Diz com que pernas eu devo seguir"

e se vai continuar enrustido com essa cara de marido

…e se vai continuar enrustido com essa cara de marido, a moça é capaz de se aborrecer… Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz…

Eu bato o portão sem fazer alarde Eu levo

Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde

Atrás da porta

Atrás da porta
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e …

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Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua

“Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou…

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No palco

No palco, na praça, no circo, num banco de jardim, correndo no escuro, pichado no muro… Você vai saber de mim.

Mesmo que você fuja de mim Por labirintos

Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão

Eu por mim sonhava com você em todas as cores

Eu por mim sonhava com você em todas as cores, mas meus sonhos são que nem cinema mudo, e os atores já morreram há tempos.

Quem me vê sempre parado

Quem me vê sempre parado, distante
Garante que eu não sei sambar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar

Trocando em miúdos

Trocando em miúdos
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim?
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sob…

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