Pensamentos de Fernando Pessoa

E afinal o que quero é fé

E afinal o que quero é fé, é calma, e não ter essas sensações confusas.

A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias

A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias. Cada coisa é o que é. E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, e quanto isso me basta. Basta existir para se ser com…

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Tudo vale a pena quando a alma não é pequena

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

Ver e ouvir são as únicas coisas nobres

Ver e ouvir são as únicas coisas nobres que a vida contém. Os outros sentidos são plebeus e carnais. A única aristocracia é nunca tocar.

Se assim aconteceu

Se assim aconteceu, assim está certo!

Não é por nada que olho

Não é por nada que olho: é que eu gosto de ver as pessoas sendo.

Nós nunca nos realizamos

Nós nunca nos realizamos. Somos dois abismos - um poço fitando o céu.

Outrora eu era daqui

Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,
Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.
Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui.

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Meu coração é um balde despejado

Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada

O pensamento pode ter elevação sem ter elegância

O pensamento pode ter elevação sem ter elegância, e, na proporção em que não tiver elegância, perderá a ação sobre os outros. A força sem a destreza é uma simples massa.

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Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado

Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente. Por isso pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra de arte.

Sentir tudo de todas as maneiras

Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos (…Continue Lendo…)

Matar o sonho é matarmo-nos

Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.

O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é

O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é

Acontece-me às vezes

Acontece-me às vezes, (…) um cansaço tão terrível da vida que não há sequer hipótese de dominá-lo.