Luz
Luz, câmera, ação: e então filma-se o silêncio entre um homem e uma mulher que não se vêem há nove anos, e então filmam-se todas as dúvidas sobre se devem se tocar ou não, se beijar ou não.
Então filma-se o papo inicial, cauteloso, até que chega a hora da explosão, dos desabafos, das acusações e do quase-choro.
Então filma-se o que poderia ter sido - especulações - e o que será daqui por diante - especulações também.
E se o que faz o amor sobreviver for justamente a falta de convivência e rotina? Quem apostaria num amor apenas idealizado? E se a nossa intuição for mesmo a melhor conselheira e não merece ser desprezada? E se nossas lembranças nos traírem? E se casamento nenhum for mais importante do que um único encontro?
O cinema pode colocar pessoas desafiando a gravidade, cortando o pescoço uns dos outros, fazendo o tempo andar pra trás, e eu não me emocionarei nem ficarei perplexa, mas me dê um pouco de realidade e isso me arrebata.
Luz, câmara e outro tipo de ação
Existem filmes de ação com tiroteios, velocidade, cenas multipicotadas, sustos, finais bombásticos, superproduções.
De vez em quando, até gosto.
Mas os filmes de ação que estão entre meus preferidos são aqueles que, aparentemente, não têm ação nenhuma.
Um bom exemplo é Antes do Pôr-do-Sol, que dá continuidade ao Antes do Amanhecer e que finalmente entrou em cartaz.
O filme é um blablablá ininterrupto entre um casal que caminha por Paris e discute a vida e a relação.
Filme cabeça ou filme chato, rotule você.
Mas não diga que não é um filme de ação.
Medo, suspense, aflição, expectativa: diálogos também provocam tudo isso.
Como não sentir-se especialmente tocado por uma jovem mulher que admite ter perdido a ilusão do amor e que passou a viver blindada, refratária a qualquer nova relação? Como não sentir-se mexido quando um homem admite que casou porque todos casam, que passa 24 horas por dia infeliz e que a única coisa que lhe justifica a vida é o filho de quatro anos? O que pode ser mais mirabolante, impactante, desestabilizante, emocionante do que ver duas frágeis criaturas, um homem e uma mulher predestinados um ao outro, enfrentando a crueza da distância física e do tempo, e a irrealização de seus sonhos? Não se costuma catalogar estas pequenas crises existenciais como filmes de ação, mas elas me prendem na cadeira como nem uma dezena de Matrix conseguiria.
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