Pensamentos de Fernando Pessoa

A arte consiste em fazer os outros sentir

A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.

Não sabemos da alma senão da nossa

Não sabemos da alma senão da nossa;
As dos outros são olhares,
são gestos, são palavras,
com a suposição
de qualquer semelhança
no fundo.

Segue teu destino

Segue teu destino, rega tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é sombra de árvores alheias… Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode dizer-te.A resposta, está além dos Deuses.

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Não importa se a estação do ano muda

Não importa se a estação do ano muda…
Se o século vira, se o milénio é outro.
Se a idade aumenta…
Conserva a vontade de viver,
Não se chega a parte alguma sem ela.

Quando o amor não tem razão É que o amor incomoda

Quando o amor não tem razão
É que o amor incomoda.

Não é por nada que olho

Não é por nada que olho: é que eu gosto de ver as pessoas sendo.

Ver e ouvir são as únicas coisas nobres

Ver e ouvir são as únicas coisas nobres que a vida contém. Os outros sentidos são plebeus e carnais. A única aristocracia é nunca tocar.

O mais alto de nós não é mais

O mais alto de nós não é mais que um conhecedor mais próximo do oco e do incerto de tudo.

A fé é o instinto da ação

A fé é o instinto da ação…

E afinal o que quero é fé

E afinal o que quero é fé, é calma, e não ter essas sensações confusas.

Deus quer

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos

Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do Mundo
Que fosse qualquer cousa que n…

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O que me dói não é o que

O que me dói não é o que há no coração, mas essas coisas lindas, que jamais existirão…

O mundo é de quem não sente

O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade.

Matar o sonho é matarmo-nos

Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.