Titia,
Titia,
Gastei todo o dia a pensar na sua carta, sem saber se obedecesse ou não; mas, enfim, resolvi obedecer, não só porque a senhora é boa e gosta de mim, como porque preciso de desabafar.
É verdade, titia, padeço muito, muito; não imagina.
Meu marido é um friarrão, não me ama, parece até que lhe causo aborrecimento.
Nos primeiros oito dias ainda as cousas foram bem: era a novidade do casamento.
Mas logo depois comecei a sentir que ele não correspondia ao meu sonho de marido.
Não era um homem terno, dedicado, firme, vivendo de mim e para mim.
Ao contrário, parece outro, inteiramente outro, caprichoso, intolerante, gelado, pirracento, e não ficarei admirada se me disserem que ele ama a outra.
Tudo é possível, por minha desgraça…
É isto que queria ouvir? Pois aí tem.
Digo-lhe em segredo; não conte a ninguém, e creia na sua desgraçada sobrinha do coração.
Marcelina
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