Decidi então tomar como guia de minha nova

Decidi então tomar como guia de minha nova análise a atração que eu senti por certas fotos.
Pois pelo menos dessa atração eu estava certo.
Como chamá-la? Fascinação? Não, tal fotografia que destaco e de que gosto não tem nada do ponto brilhante que balança diante dos olhos e que faz a cabeça oscilar; o que ela produz em mim é exatamente o contrário do estupor; antes uma agitação interior, uma festa, um trabalho também, a pressão do indizível que quer se dizer.
Então? Interesse? Isso é insuficiente; não tenho necessidade de interrogar minha comoção para enumerar as diferentes razões que temos para nos interessarmos por uma foto; podemos: seja desejar o objetovo, a paisagem, o corpo que ela representa; seja amar ou ter amado o ser que ela nos dá a conhecer; seja espartamo-nos com o que vemos; seja admirar ou discutir o desempenho do fotógrafo, etc.; mas esses interesses são frouxos, heterogêneos; tal foto pode satisfazer a um deles e me interessar pouco; e se tal outra me interessa muito, eu gostaria de saber o que, nessa foto, me dá estalo.
Assim, parecia-me que a palavra mais adequada para designar (provisoriamente) a atração que sobre mim exercem certas fotos era "aventura".
Tal foto me advém, tal outra não.
O princípio da aventura permite-me fazer a Fotografia existir.
De modo inverso, sem aventura, nada de foto.
Cito Sartre: "As fotos d eum jonal podem muito bem 'nada dizer-me', o que quer dizer eu eu as olho sem pô-las em posição de existência.
Assim as pessoas cuja fotografia vejo são bem alcançadas através dessa fotografia, mas sem posição existencial, exatamente como o Cavaleiro e a Morte, que são alcançados através da gravura de Dürer, mas sem que eu os ponha.
Podemos, aliás, deparar com casos em que a fotografia me deixa em um tal estado de indiferença, que não efetuo nem mesmo a 'colação em imagem'.
A fotografia está vagamente constituída como objeto, e os personagens que nela figuram estãos constituídos como personagens, mas apenas por causa de sua semelhança com seres humanos, sem intencionalidade particular.
Flutuam entre a margem da percepção, a do signo e a da imagem, sem jamais abordar qualquer uma delas".
Nesse deserto lúgrube, me surge, de repente, tal foto; ela me anima e eu a animo.
Portanto, é assim que devo nomear a atração que a faz existir: uma animação.
A própria foto não é em nada animada (não acredito nas fotos "vivas") mas ela me anima: é o que toda aventura produz.

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