O limbo da educação
O limbo da educação
Mesmo batizada logo nos primeiros meses de vida, encontro-me no limbo.
Há quase três anos, o vaticano decretou o fim do limbo para os não-batizados, mas eu - mulher de 22 anos, batizada, que já não sou mais bebê faz tempo, mesmo após o decreto feito pela Igreja Católica, ainda me encontro no limbo.
Já vivo nesse limite faz tempo, sempre tive consciência da minha situação.
Mesmo quando tudo me fazia acreditar no contrário, eu sabia que essa margem, quase invisível, ainda estava ali.
Não quero dizer que preferia estar de um lado ou estar do outro.
Apenas quero gritar aos sete ventos que ainda estou viva e que tenho o dever de viver.
Quero apenas o que me é de direito, no caso, a educação.
Cansei de ser uma morta-viva sem voz.
Sou uma quase rica e uma quase pobre ao mesmo tempo.
Tenho renda, mas não o suficiente.
Falta-me renda, mas não o bastante.
Sou branca com antepassados mulatos e índios.
Tenho sangue azul, amarelo e preto.
Se puxasse a pele do meu avô materno, talvez pudesse me declarar parda, mas não, minha pele nega o meu sangue e eu sou negada por não ter a cor da pele.
Negada também por, a duras penas, ter feito, exatamente, metade do segundo grau em um colégio particular.
Negada por ter feito um esforço descomunal para ter acesso a um bom ensino, que deveria também ser direito de todos os seres humanos, e que agora me é negado novamente.
Estou realmente no limbo.
Entrei para Universidade, mas não tenho mais como pagar, talvez nunca tenha tido realmente condições, mas eu, com o ensino defasado, resultado de idas e vindas entre escolas públicas (que nunca realmente supriram todas as necessidades que me são exigidas hoje) e particulares, não tive outra opção a não ser penar, endividar-me e tentar pagar.
Não existem cotas para brancos de sangue negro.
Também não existem cotas para quase pobres.
Não tenho direito a PROUNI porque sou uma quase rica, afinal estudei metade do segundo grau em um colégio particular, não é.
Sou uma quase rica que não tem mais como pagar a faculdade.
Sou uma quase pobre que não tem prioridade na Universidade e, se depender disso, vai ficar no quase para sempre.
Quase rica, quase pobre, quase formada, quase cotista, quase lembrada, porém esquecida.
A igreja diz que Deus quer que todos os seres humanos sejam salvos, mas ele não me poupou.
Ótimo que os negros e os pardos, que realmente merecem auxílio por todas as barbaridades que viveram e infelizmente ainda vivem - e que, mesmo tendo preferência, ainda não são um número representativo dentro das Universidades, tenham sido lembrados; concordo também que aqueles com renda familiar baixa e que estudaram em (deficientes) escolas públicas recebam ajuda.
Mas e eu? Enquanto isso eu continuo vivendo no limbo, entre a porta de entrada da Universidade Federal e a porta de saída da Universidade Católica, à margem do direito ao ensino.
E vivendo nesse limite, a única coisa que me resta é chorar e berrar feito um bebê, talvez, somente assim, eu seja realmente lembrada.
O MAIS IMPORTANTE PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE SADIA É A EDUCAÇÃO.
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