Menino chorando na noite Na noite lenta e morna

Menino chorando na noite
Na noite lenta e morna, morta noite sem ruído, um menino chora.
O choro atrás da parede, a luz atrás da vidraça
perdem-se na sombra dos passos abafados, das vozes extenuadas.
E no entanto se ouve até o rumo da gota de remédio caindo na colher.
Um menino chora na noite, atrás da parede, atrás da rua,
longe um menino chora, em outra cidade talvez,
talvez em outro mundo.
E vejo a mão que levanta a colher, enquanto a outra sustenta a cabeça
e vejo o fio oleoso que escorre pelo queixo do menino,
escorre pela rua, escorre pela cidade (um fio apenas).
E não há ninguém mais no mundo a não ser esse menino chorando.

#poesias#carlosdrummonddeandrade 251

Mensagens Relacionadas

Faço questão de te apresentar o meu advogado:

Faço questão de te apresentar o meu advogado:
- Dr. Carlos Drummond de Andrade, o poeta.
É com ele que aprendi a te acusar porque
em mim deixaste cravada a saudade.
Não posso f…

(…Continue Lendo…)

#carlosdrummonddeandrade#annaflaviaschmittwysebaranski

Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher

Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam, e cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumia uma estétic…

(…Continue Lendo…)

#poesias#carlosdrummonddeandrade

Se você está com olhos bem abertos

Se você está com olhos bem abertos, experimente fechá-los…
Agora, abra-os somente para o lado de dentro. Chegou a hora de visitar por uns instantes seu mundo interior.
Passeie calmamente a…

(…Continue Lendo…)

#carlosdrummonddeandrade#poesias

A folha por: Carlos Drummond de Andrade

A folha
por: Carlos Drummond de Andrade
A natureza são duas.
Uma,
tal qual se sabe a si mesma.
Outra, a que vemos. Mas vemos?
Ou  a ilusão das coisas?
Quem …

(…Continue Lendo…)

#carlosdrummonddeandrade#poesias#poemas

A PALAVRA MÁGICA

A PALAVRA MÁGICA
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida…

(…Continue Lendo…)

#poesias#carlosdrummonddeandrade

Não recomponhas tua sepultada e merencória infância. Não osciles entre o espelho e a memória em dissipação. Que se dissipou, não era poesia. Que se partiu, cristal não era.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não er…

(…Continue Lendo…)

#poesias#carlosdrummonddeandrade#poemas