todos os dias penso em te escrever um
todos os dias penso em te escrever um cartão-postal
separo as conchas, as sementes e as ilhas
disponho-as ao modo de um mapa em relevo
a cartografia do nosso afeto
intermitente
os sambaquis se elevam à medida que entramos nas grandes fossas
abissais do nosso tempo
soníferas
com azulejos de líquens e outros musgos bem chiquitos
os corredores estreitos da casa em que
toco a campainha e os peixes-espadas cantam teu nome
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O mar crespo de ondas,
Traz o cheiro de saudade
Na areia muitas conchas
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DAS COISAS QUE TRAGO
DAS COISAS QUE TRAGO
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Nosso tempo
É da janela da alma que se conta o tempo
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Ouvia-se a água a tocar nas pedras,
Conchas partidas,
Flutuavam de lá
E para cá.
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Árvores abraçavam-se,
Flores enraizavam-se nela