Os excluídos
Os excluídos
Ao contrário do que o título desta crônica possa sugerir, não vou falar sobre aqueles que vivem à margem da sociedade, sem trabalho, sem estudo e sem comida.
Quero fazer uma homenagem aos excluídos emocionais, os que vivem sem alguém para dar as mãos no cinema, os que vivem sem alguém para telefonar no final do dia, os que vivem sem alguém com quem enroscar os pés embaixo do cobertor.
São igualmente famintos, carentes de um toque no cabelo, de um olhar admirado, de um beijo longo, sem pressa pra acabar.
A maioria deles são solteiros, os sem-namorado.
Os que não têm com quem dividir a conta, não têm com quem dividir os problemas, com quem viajar no final de semana.
É impossíver ser feliz sozinho? Não, é muito possível, se isso é um desejo genuíno, uma vontade real, uma escolha.
Mas se é uma fatalidade ao avesso - o amor esqueceu de acontecer - aí não tem jeito: faz falta um ombro, faz falta um corpo.
E há aqueles que têm amante, marido, esposa, rolo, caso, ficante, namorado, e ainda assim é um excluído.
Porque já ultrapassou a fronteira da excitação inicial, entrou pra zona de rebaixamento, onde todos os dias são iguais, todos os abraços, banais, todas as cenas, previsíveis.
Não são infelizes e nem se sentem abandonados.
Eles possuem um relacionamento constante, alguém para acompanhá-los nas reuniões familiares, alguém para apresentar para o patrão nas festas da empresa.
Eles não estão sós, tecnicamente falando.
Mas a expulsão do mundo dos apaixonados se deu há muito.
Perderam a carteirinha de sócios.
Não são mais bem-vindos ao clube.
Como é que se sabe que é um excluído? Vejamos: você passa por um casal que está se beijando na rua - não um beijinho qualquer, mas um beijo indecente como tem que ser, que torna tudo em volta irrelevante - você inclusive.
Se lhe bate uma saudade de um tempo que parece ter sido vivido antes de Cristo, se você sente uma fisgada na virilha e tem a impressão que um beijo assim é algo que jamais se repetirá em sua vida, se de certa forma este beijo que você assistiu lhe parece um ato de violência - porque lhe dói - então você está fora de combate, é um excluído.
A boa notícia: você não é um sem trabalho, sem estudo e sem comida - é apenas um sem-paixão.
Sua exclusão pode ser temporária, não precisa ser fatal.
Menos ponderação, menos acomodação, e olha só você atualizando sua carteirinha.
O clube segue de portas abertas.
Mensagens Relacionadas
Não sou de frescura e muito menos de compulsões consumistas
Não sou de frescura e muito menos de compulsões consumistas. Mas ainda tenho um lado mulherzinha: choro à beça, sou louca por flores, não vivo sem meus hidratantes, aprecio o cavalheirismo, gosto de f…
#medeiros#marthamedeiros#marthaGente light
Gente light
Vou ao supermercado e observo o crescimento do setor de dietéticos. Abro revistas e me deparo com as exigencias de ter um corpo esbelto. As clínicas de cirurgia plástica estão com a …

Te desejo toda a felicidade que puder aguentar
Te desejo toda a felicidade que puder aguentar
#medeiros#bonitas#curtas#marthamedeiros#marthaAmor é quando você acha que a pessoa
Amor é quando você acha que a pessoa com quem você se relacionava era egoísta, possessiva e infantilóide e isso não reduz em nada a sua saudade, não impede que a coisa que você mais gostaria neste ins…
#marthamedeiros#martha#irma#egoista#amor#medeiros#cronicas#marta"Como Ser Legal" é o nome do livro
"Como Ser Legal" é o nome do livro que o escritor inglês Nick Hornby lançou este ano. Conta a história de um cara que era um chato e que, quando percebe que seu casamento está indo para as cucuias, re…
#martha#medeiros#livro#marthamedeiros
Saudade eu tenho do que não nos coube
Saudade eu tenho do que não nos coube.
#parente#moralonge#marthamedeiros#martha#recados#falecimento#saudades#saudade#querido#curtas