DESASTRE LITERÁRIO NOS CONTEXTOS ATUAIS

DESASTRE LITERÁRIO NOS CONTEXTOS ATUAIS
Estive pensando na devassa axiológica que as obras infantis fizeram, e ainda fazem por aí.
Imagine, caro (a) leitor (a), uma criança de quatro anos ouvindo a história da Branca de Neve, uma garota órfã, anêmica (embora tivesse lábios vermelhos), talvez até de porrada da madrasta que mandava e desmandava em tudo.
É, porque a estorinha deixa claro que o pai da garota de nada sabia das maldades da esposa, a madrasta, a algoz de sua única filha, que chega ao ponto (motivada pela inveja, “pura torpeza”) ordenar a um capataz (espécie de servo) do reino a levar a criança para uma selva e nesse local abatê-la, como se a menina fosse uma franga ou um porquinho cevado.
Pior, a sádica ainda pediu como prova do crime, um pedaço do fígado da menina.
Ainda bem que o carrasco decide por não executá-la de uma vez, entregando a rude missão às cobras, às onças, sabe-se lá a qual bicho selvagem, até que a branquelinha, doida de pedra, a correr na mata, encontra uma casa onde viviam sete anões (provável que fossem raquíticos…) e, embora ela vivesse antes num “palácio”, soube varrer a morada, arrumar camas, lavar roupas, fazer comidinha, enfim, todas as prendas domésticas de uma senhora precoce.
Adotada pelos piturruchos, passa a sorrir e achar que tinha se safado da maligna que, por meio de um espelho fantástico e dedurador, obtém a revelação do esconderijo da enteada (Branca de Neve).
Caso mais sinistro!
Encontrada e enganada, a menina, talvez faminta por comer em pratos tão pequenos e porções tão insuficientes, mete os dentes numa maçã envenenada que a cachorrona lhe oferece, e cai dura que nem um cabo de vassoura no chão.
Anos se passam e aparece o necessário príncipe que, encantado diante de tanta brancura (racismo) e “beleza”, cata-lhe o fragmento da fruta que envenenou a mocinha, reavivando-a e depois, pedindo-a em casamento.
O amado e salvador da pátria das pobres princesas, decide por vingar-lhe a inimiga (madrasta-bruxa), matando-a sob tortura, forçando-a a dançar cretinamente com grandes bolas de ferro amarradas aos pés.
(…) Meu Deus! O que é que isso deixa de legado pras crianças que se encantaram com essa luxúria dantesca? Talvez meros vislumbres de sonhos irrealizáveis, sede de vingança e a idéia de que o mal precisa ser extirpado, nem que seja com derramamento de sangue…!?
Ah, quase esqueci que os anões saíam pra trabalhar na mina pela madrugada e retornavam à noitinha (exploração de mão de obra), devia ser mesmo! Segundo o que narra a estória, eram todos problemáticos: um Zangado, sinal evidente de stress; outro que não parava de espirrar (Atchim), quadro clínico de sinusite sem tratamento; outro que dormia o tempo inteiro (Soneca) podia um caso de verminose, anemia, cansaço demasiado…); Um outro, carente de mimos (Dengoso); outro, dado a espertezas (Mestre) e por fim, um alienadinho que vivia à base do ‘tou nem aí’ (Feliz); mais um sem graça de viver, tal Dunga.
Vou parar por aqui, porque se eu for falar da precariedade da história de Chapeuzinho Vermelho e da Gata Borralheira, vamos morrer de remorsos por termos contado às crianças tamanhas aberrações.
Ainda bem que hoje enxergamos essas tragédias tidas como alternativas lúdicas.
MORAL: Há tempo sempre para se repensar!

#engracado#marialopes#literario 181

Mensagens Relacionadas

O cenário literário nacional e suas vertentes

O cenário literário nacional e suas vertentes… Um ensaio descompassado e permeado por brigas operárias. Não foi a toa que me restringi. A propósito, há muito mais que holofotes e guerra de egos. Um pa…

(…Continue Lendo…)

#engracado#literario#simonepesci

MEU EU Apaguei todas as luzes do quarto e fechei as cortinas da janela, na ânsia de fechar os olhos e fazer o caos que pesavam meus pensamentos desaparecerem.

MEU EU
Apaguei todas as luzes do quarto e fechei as cortinas da janela, na ânsia de fechar os olhos e fazer o caos que pesavam meus pensamentos desaparecerem.
Foi inútil, pois ele permanec…

(…Continue Lendo…)

#literario#engracado#elainejanuhpaginacantinholiterario

O literário inglês Charles Lamb

O literário inglês Charles Lamb, costumava dizer que o dia de ano novo é o aniversário de todo homem. Então deixo aqui meus parabéns a todos que este ano findo, me fizeram rir e chorar, amar e odiar, …

(…Continue Lendo…)

#engracado#reflexoes#literario#ricardofonseca#aniversario#poemas

É engraçado o modo como você consegue sempre

É engraçado o modo como você consegue sempre estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe… O quanto você sabe me confundir, e deixar tudo tão claro, o quanto você me faz chorar e muitas vezes também me …

(…Continue Lendo…)

#giuliastaar#consolo#engracado#depoimento#literario

Muitos escritos filosóficos são de alto valor literário

Muitos escritos filosóficos são de alto valor literário, mas nem sempre os grandes filósofos são também grandes escritores. Não cabe comparar os vôos poéticos de Platão com os rascunhos compactos de A…

(…Continue Lendo…)

#literario#engracado#olavodecarvalho

Não esta aqui Olhe esta velha foto

Não esta aqui
Olhe esta velha foto.
Até já marcou de tinta o álbum.
Eu tinha entre doze e quatorze.
Sim, pode rir, faz tempo. Isso eu sei.
Os olhos vermelhos?
Era a…

(…Continue Lendo…)

#literario#moacirluisaraldi#depoimento#engracado