Crônica: Lembranças de minha avó Mulatinha.

Crônica: Lembranças de minha avó Mulatinha.
São poucas, mas são boas as lembranças de minha infância.
Essas lembranças me transportam para uma deliciosa viagem ao um tempo que não volta.
Lembro e muito da minha avó, ela tinha um cheiro peculiar um cheiro próprio, único e marcante que não se confunde com outro cheiro, um cheiro bom.
E volta e meia eu sinto esse cheirinho gostoso, mas sem ter ela por perto.
Tenho saudades do seu meigo olhar, e que apesar da avançada idade ainda sentia prazer em brincar.
Chamava-se Mulatinha: vó Mulatinha! Até esqueci que seu nome era Maria.
Acostumei… Minha última lembrança são de seus cabelos branquinhos como flocos de algodão e que brilhavam como raios de luar.
Não sei a magia das avós, mas sempre são queridas.
Deve ser porque não querem ser mais mães, não querem educar e nem repreender; querem apenas ser amiga dos netos.
Não esqueço de minha avó: era carinhosa e sempre com um sorriso maroto como se tivesse compartilhando travessuras.
As avós podem se dar a esse luxo.
Dizem que elas deseducam os netos; tudo bobagem! Elas nos abraçam de amor.
Um amor que hoje, já adulto, sinto saudades.
Muitas vezes precisamos desse aconchego sem fronteiras e sem limites.
Lembro-me quando perdi minha mãe aos quatros anos, lá foi eu e meu irmão Nem, de mala e cuia para casa de minha vó, apesar de quase cega foi ela quem cuidou de mim e de meu irmão, por um bom tempo, depois meu irmão foi morar com meu tio Martin e eu ainda fiquei morando com ela.
Que maravilha! Porém, tinha um defeito, vivia dormindo pelos cantos kkkkk.
Numa destas 'dormidas', meu irmão e eu pegamos as tripas de uma galinha enrolamos no pescoço de nossa avó.
Ficou um lindo colar.
Mas aquilo quase a matou de susto, ficamos arrependidos, afinal não é moleza acordar com um colar de tripas no pescoço.
Foi a primeira vez que ela ficou brava e falou serio.
Porém, no dia seguinte ao chegar da escola, minha patinete estava toda vestida com minha camisa e meu short, em cima da única cama da casa onde dormia nós três! E ela sorrindo, como se quisesse se desculpar pelo desentendimento do dia anterior.
Beijos, minha vó mulatinha, quem sabe um dia a gente se encontra num lugar bem mais bonito, onde você deve estar brilhando.
Então poderemos brincar sem medo e sem contar mais o tempo; pedirei ajuda aos anjos para que me guiem por essa imensidão, e perguntarei, em cada canto, se eles não viram uma 'Estrela chamada MULATINHA' sapeca, com uma cabecinha branca e brilhando como raios de luar.
Saudades, vó.
Théo.

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